Wolber de Alvarenga
Segue abaixo uma apresentação realizada pelo psicólogo Walter de Andrade Parreira que gentilmente nos disponibilizou. Essa apresentação está no prefácio do livro “Vi/ver Vi/vendo”, autoria de Wolber de Alvarenga
Wolber de Alvarenga é um grande e querido amigo de um sem número de alunos, clientes, leitores e admiradores das suas obras na psicologia, na literatura e na pintura. Mestre na compreensão do sofrimento humano e no trabalho pela sua superação, ele é uma referência, um guia e uma luz para aqueles que anseiam pelo encontro consigo mesmos e por um viver autêntico, saudável e pleno.
Wolber formou gerações de psicólogos, com sua atuação como professor de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais e como psicoterapeuta. É autor de inúmeros textos acadêmicos, nos quais centenas de estudantes encontram a fonte que lhes abre o sentido e a direção para a sua formação e para sua vida profissional como psicólogos. Pioneiro em apresentar ao Brasil autores da maior importância no cenário internacional da Psicologia (entre eles, Eugene T. Gendlin e seu trabalho com a Focalização), traduziu dezenas de textos e artigos, coletando e selecionando o que de melhor se produziu e se produz em outros países sobre o Humanismo e a psicoterapia humanista.
Mas sua sensibilidade, talento e dom voam para muito além dos muros da academia e, para nosso regozijo, pintam, esculpem, desenham e compõem o que são obras de arte em forma de palavras. Das suas poesias emanam músicas, sabores, perfumes e cores, dos seus textos parte um convite a um mergulho em verdades profundas dentro de nós.
As experiências que Wolber viveu e vive e as intuições e ensinamentos que extrai do seu mundo e partilha conosco tocam, de início, não o intelecto, o pensamento, mas o sentimento, o coração. Somos, antes, pegos por Wolber ali, na nossa interioridade, na nossa intimidade. Pois, como ele mesmo ensina, a reflexão, a simbolização e a elaboração são a posteriori em relação ao sentir, ao experienciar. Somente depois sobem à inteligência e nos fazem pensar, refletir, nos desafiando, então, à inquietude, abrindo nossa percepção e nosso discernimento. Suas lições nos convocam a não nos deixarmos ser menos do que podemos ser e nos remetem à busca e ao encontro do que de melhor temos em nós. Elas alimentam o espírito, nos instigam à nossa própria superação.
E, se as “Diversas Poesias” são ensinamentos, os “Textos Diversos”, “Alguns e-mails” e “Alguns poucos Textinhos” são poesias. Um estudioso que desejar apurar essa classificação encontrará dificuldades, a começar pelo primeiro texto: como dizer que “O sapato apertado e a missa” não é de uma sublime poesia?
“Vi Ver Vi Vendo”” é o presente de uma maturidade privilegiada, iluminada e abençoada, que supera o nível fundamental, porém, primário, do conhecimento, para ascender ao nível mais alto, tão desejável quanto raro, da sabedoria.
“Vi Ver Vi Vendo” vem se somar a “Bola de gude”, “Bola de meia – poesias e toques”; “Mensagens de Jeremias I” e “Mensagens de Jeremias II” e é, ainda, apenas uma amostra, uma pitada, a ponta do iceberg da produção desse autor pródigo, generoso e exuberante. Só podemos desejar que Wolber não demore a nos brindar com outras obras, trazendo à luz do dia aquilo que nasceu para ser partilhado, admirado e contemplado. Este primoroso e polivalente artista, versado em várias linguagens, há de nos permitir também, um dia, o acesso à beleza e à magia do seu traço, abrindo o seu acervo e nos apresentando suas telas, como faz hoje com a sua poesia, com a sua psicologia, com as lições e ensinamentos extraídos das correspondências com seus amigos.
Como ele mesmo diz, em um de seus “Alguns e-mails”: “Pois é, Sô W., quando eu era locutor de um serviço de alto-falante, lá em Itabira, nos idos dos anos de 1950, tinha uma propaganda que começava assim: “Como há de o mundo saber que possuis algo de bom se não o dais a conhecer?”
Como não nos remeter essas palavras a Mt. 5-14,16?: “Vocês são a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. Ninguém acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma vasilha, e sim para colocá-la no candeeiro, onde ela brilha para todos os que estão em casa. Assim também: que a luz de vocês brilhe diante dos homens, para que eles vejam as boas obras que vocês fazem…”
Obrigado, Wolber, até nesta obra você obedece a ditames superiores e divinos e permite que a sua luz brilhe aos nossos olhos e corações… e nos ilumine.
Com um abraço terno e emocionado,
Walter Andrade Parreira